quarta-feira, 22 de junho de 2011

O espectáculo deve continuar

Acabo de ver um programa da Tyra Banks sobre uma rapariga de 18 anos que se prostitui desde os 14. A audiência ficou chocada com a forma natural com que ela foi relatando diversas situações da sua vida desde raptos, violações a ameaças de morte, tudo parecia aceitar com um sorriso e um encolher de ombros. A propria apresentadora estava boquiaberta com as respostas e de cada vez que a interpelava perguntando-lhe se não importava, se este tipo de vida não a incomodava ou porque razão não mudava de vida, mais uma vez a rapariga revidava sorrindo: a vida é mesmo assim, não há razão para me deprimir quando sei que não há nada que eu possa fazer.
Ao ver o programa voltou a soar na minha mente a música dos Queen, The Show Must Go On, a canção de despedida de Freddy Mercury:

Inside my heart is breaking
My makeup may be flaking
But my smile still stays on
Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
On and on, does anybody know what we are living for?

Só ao ver este programa e ao ouvir o depoimento desta jovem compreendi porque razão uma outra prostituta numa entrevista da RTP há uns anos atrás dissera que era necessária muita sanidade mental e força para se ser prostituta.
Uma segunda convidada do programa da Tyra Banks encerrou a questão dizendo que o que lhe interessava era ter dinheiro e independência, não contava viver muito tempo portanto havia que aproveitar enquanto o corpo aguentasse que é como quem diz: the show must go on.
Naturalmente sou de uma outra opinião e gostaria muito que espectáculos como estes não se repetissem defendendo a dignidade humana, se acaso tão vil e podre lhes parece o corpo, cuidem da Alma.

domingo, 19 de junho de 2011

A ânsia de viver



O relógio não pára. A cada segundo as células do nosso corpo morrem e regeneram-se, o mundo segue a sua elipse, o Universo move-se e nós somos obrigados a acompanhá-lo na sua marcha evolutiva. Talvez por isso, quem sabe, talvez porque não podemos deter o tempo ou ainda mais doloroso, vivemos num mundo de penas e expiações onde tudo o que é feliz soa a éfemero e até temos medo de falar para não quebrar o encanto. É essa efemeridade da alegria, que nos caminhos da vida não poucas vezes nos estende penosas armadilhas, os vícios, os exageros que apenas conduzem à doença e ao desequilibrio, pelo menos vivi, dizem alguns.
É deveras humano sentir necessidade de vida, necessidade de alegria, necessidade de achar sentido aos que-fazeres do dia-a-dia mas também é humano procurar a resposta a essas necessidades no caminho mais fácil, caminho esse que apesar de dourado das palavras - pelo menos vivi, deixo transparecer nos olhos que sempre espelham a alma, um vazio, um sentimento de perda, perdi a minha vida e agora não tenho outra... Então a consolação vem à mente da maneira mais sinuosa e triste, que importa ter perdido a vida, quando morrer tudo se acaba, ainda bem que aproveitei enquanto tive tempo, enquanto fui jovem e saudável. Então é o desgosto porque já não há motivo para se alegrar ou ter esperança.
Este sentimento, a Esperança, é de uma enorme importância para o povo judeu, tão importante que dá nome ao hino nacional de Israel Hatikva , uma canção de saudade da Terra Prometida redigida no séc. XVI que se tornou um símbolo do anti-semtismo e em especial do sionismo. Foi a esperança que permitiu às vitimas das monstruosidades perpetuadas ao longo da Hitória sobreviverem a humilhações e maus tratos de toda a espécie, lembrando a inscrição à porta do Inferno descrito por Dante Allighiere na Divina Comédia, perdei a esperança vós que entrais.
Temos assim que num mundo imperfeito como é ainda o planeta Terra, pensado como uma escola e hospital onde as almas vem preparar-se para a regeneração, só a esperança num melhor porvir, numa outra vida ou do outro lado da vida, nos pode preencher verdadeiramente. Pessoalmente acredito que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, não o elemento castrador e inibidor que alguns falsos profetas anunciam, o apóstolo Paulo de Tarso ilustrou bem esta questão ao afirmar: tudo me é permitido mas nem tudo me convém. Jesus, o divino amigo, veio à Terra um dia apenas com um propósito, "eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância", esta é a minha ânsia de viver, viver referto na abundâcia de que fala Cristo, no final tudo o que me é pedido em troca é o meu melhoramento e adiantamento moral e é bastante...
Estamos todos sedentos de vida! Porque não colocar a nossa esperança onde o ladrão não chega e a traça não corroi?

sábado, 18 de junho de 2011

Quando a opção é morrer


Dizer que alguém é bonito, rico e bem sucedido pode parecer à primeira vista ser sinónimo de que esse alguém é naturalmente feliz, no entanto acontecimentos recentes tem-nos provado a falsidade deste pensamento e que nem sempre o que parece é. Há pois, citando Shakespeare, mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia. Peter Smdley, um hoteleiro britânico multimilionário decidiu optar pelo caminho da eutanásia numa clinica suíça quando soube que era portador de uma doença neurológica incapacitante a nível motor. O escritor Terry Pratchet, doente de alzheimer defende a morte médicamente assistida e afirma desejar seguir o exemplo do primeiro e morrer "com dignidade", nas palavras do próprio. O que é que leva estes homens a desejar pôr termo à vida, eles que têm tudo o que um ser humano pode desejar?

Eis o vazio da vida à luz do materialismo. Não seremos mais do que esta massa de carne, sangue, musculos e nervos que um dia vigorante, degenera e morre? Estaremos condenados a viver apenas a vida dos sentidos? Que sós que ficam os mortos, suspirava o poeta sevilhano Gustavo Adolfo Bécquer ao fechar a porta do mausoleu onde jaziam os restos mortais da sua amada. Não desejo entrar em discussões sobre se a eutanásia deve ou não ser legalizada, apenas a título pessoal deixar algumas questões no ar e em nome da citada "dignidade humana" afirmar que o ser humano é mais do que um corpo e que a sua vida não se extingue no túmulo, se assim fosse triste e infrutífera seria a sua caminhada sobre o planeta Terra.

Para aqueles que não sabem, todo o processo de morte medicamente assistida de Peter Smdley foi transmitido pela BBC no passado dia 15 de Junho, um espéctaculo triste, deixando mais uma questão no ar, não teria este homem dinheiro suficiente para pagar as suas necessidades médicas e de conforto geral durante os anos que lhe restasse viver?

O Sorriso



Antoine de Saint-Exupéry conhecido pelo seu livro O Principezinho, era aviador de profissão, ele que um dia cruzou as nuvens na sua avioneta para não mais regressar, foi durante a sua juventude um idealista. Acreditava como todos os jovens que poderia melhorar o mundo, isto é, moldá-lo à sua maneira, como tal partiu para Espanha para combater na guerra civil do lado republicano.
Numa tarde de malgorada estratégia militar foi feito prisioneiro junto aos montes pirinaicos pelo exército nacional. Triste e amargurado por saber que a morte o aguardava na manhã seguinte frente a um pelotão de fuzilamento, procurou nos bolsos um cigarro para se escapulir mentalmente daquele catre hediondo, encontrou um pequeno bago já meio consumido, buscou ainda sem sucesso uma fonte de fogo para o acender mas sem sucesso. Olhou para o jovem à porta da cela, falava pouco espanhol mas como se costuma dizer a necessidade aguça o engenho, a sua primeira reacção foi sorrir a forma universal de estabelecer contacto, o guarda olhou para o prisioneiro logo desviando o olhar com desdém mas é da psicologia quando algo nos prende a atenção ainda que de forma inconsciente voltar a procurar com o olhar a razão da nossa curiosidade.
Saint-Exupery fez então um gesto a imitar um fósforo, o guarda entendeu, aproximou-se cautelosamente do aprisionado e alumiou-lhe o patético pedaço de tabaco. O francês agradeceu e entre uma baforada de fumo perguntou: como te chamas? O outro nada respondeu. Continuou o escritor, tens filhos? Desta vez o guarda acenou que sim com a cabeça. Esta noite, começou a dizer, quando abraçares os teus filhos ao regressar a casa diz-lhes que eu não poderei abraçar nunca mais as minhas crianças. Explica-lhes ainda que a razão para tu poderes abraçar os teus filhos e eu não é porque tu escolheste o caminho errado no momento certo enquanto que escolhi o caminho certo no momento errado.
O guarda teve um ataque de raiva, abriu a porta da cela, agarrou Saint-Exupery pela camisa e arrastou-o para fora da prisão, o escritor ficou lívido, tinha a certeza de que fora longe de mais e que seria morto de imediato, contudo ao atingir o exterior, o soldado nacionalista apontou para os Pirinéus explicando-lhe por gestos que se fosse embora. Desconhecemos o que aconteceu ao jovem guarda ou o que lhe sucedeu depois de ter deixado um preso evadir-se mas Saint-Exupery não esqueceu este acto de caridade, prestando merecida homenagem ao soldado anónimo relatando vários anos passados esta história num conto intitulado: O Sorriso.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Saudades do futuro

Os tempos são chegados! Assim o afirmam várias correntes de pensamento filosófico-religioso, os novos tempos de que falava Jesus são chegados. Nunca o orai e vigiai foi tão certo, nem nunca o Bem e o mal estiveram tão extremados e perto da nossa mão, tão perto que se possa tanger no dia-a-dia. Nunca a tentação do mal foi tão grande nem o castigo dos ímpios tão vísivel, falta cumprir-se a recompensa dos justos. Corrupção na política, nas forças da Ordem, desestruturação da família, negação da vida e da dignidade humano no que de mais intimo existe. Que é isto Senhor? Para onde caminhamos?
São as dores de parto de uma nova era que agora se inaugura. A Terra necessita regeneração, necessita Amor e compreensão para os que nela habitam. Meus irmãos, podem olhar para o aqui e o agora, eu prefiro olhar o longe e a distãncia, a cura da humanidade e ter saudades do futuro.

sábado, 27 de novembro de 2010

As crianças e a guerra



As crianças são o futuro. Disso ninguém duvida. O que de facto me suscita algumas dúvidas é se será um futuro melhor do que este uma vez que as crianças continuam a ser usadas em cenário de guerra como arma insuspeita ou pior escudo humano. Esta foto foi tirada no Iraque, um país em reconstrução com as inúmeras questões legal ou morais suscitadas pelo pós-guerra e administração Bush que por serem bem conhecidas não comentarei, pretendo apenas perguntar que futuro para um país em que o seu "futuro" brinca às guerras?

Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
E me conte uma história bonita
E me faça dormir
Só queria ouvir sua voz
Me dizendo sorrindo
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino
Apesar de distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso escutar de você


(Roberto Carlos, Lady Laura)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Guerra

Escolhi como tema de abertura A Guerra, porque somos educados de que tudo na Terra se resume a uma enorme batalha, a Vida é uma Guerra, o emprego é uma Guerra, lá em casa é uma guerra por causa de... Parece que utilizamos mais vezes esta maldita palavra do que aquilo que nos apercebemos. Um dado curioso é que enquanto no Ocidente os pais costumam dizer aos seus filhos, Tem cuidado para não te enganarem, no Oriente e nomeadamente no país do Sol Nascente o conselho paterno é: Tem atenção para não magoares ninguém.

Vejamos o que dissem algumas personalidades conhecidas sobre este assunto:

- Olho por olho e tudo o mundo acabará cego. (Gandhi)

- Só os mortos conhecem o fim da guerra. (Platão)

- O Meu trabalho junto aos muçulmanos é comunicar-lhes que os americanos não são inimigos. (Barack Obama)

- O que me preocupa não é o grito dos violentos, mas o silêncio dos bons. (Martin Luther King Jr)

- Enquanto prepara continuamente novos engenhos de destruição total, cada um dos lados proclama hipocritamente o seu desejo de alcançar o desarmamento, apesar de invocar sofismas triviais para se assegurar de que este desejo continuará estéril. Esta inimaginável ferocidade alienatória e autodestrutiva é apresentada como a governação mais elevada e mais nobre e, num grau surpreendente, aceite como tal pelos que credulamente apoiam os governos.
Bertrand Russell (Testemunho dos Jovens de Hiroshima)

- Nos nossos dias, em que a raça humana está em decadência, vejo que eminentes teólogos consideram que é muito mais importante proibir a inseminação artificial do que evitar o tipo de guerra mundial que nos há-de exterminar a todos. Quanto a mim isso mostra uma falta de sentido das proporções.
Bertrand Russell (A Minha Concepção do Mundo)